A difícil tarefa de definir limites ou estabelecer orientações claras face a determinados comportamentos ou atitudes é, segundo os psicólogos, fundamental para o desenvolvimento emocional adequado dos mais pequenos. Autoestima, segurança e autocontrolo são apenas algumas das qualidades inerentes sem interferir na liberdade individual das crianças.
Uma das funções mais importantes dos pais na educação dos seus filhos é a de definir limites, segundo afirmam os psicólogos. Quando aos pais surge a difícil tarefa, que em muitos casos exige um esforço extra, de estabelecer determinadas orientações, podem surgir várias interrogações, inclusive a incapacidade por receio de irritar ou incomodar as crianças. Mas Sara Otero, psicóloga e terapeuta familiar deixa bem claro: “Colocar limites, não é impor, não é ser autoritário, não é ser estrito, não é limitar a liberdade, não é obrigar…Definir limites é estabelecer regras; manter rotinas; e conseguir que estas se cumpram”. Além disso, é algo necessário e que vai dar segurança à criança, ajudando a que se converta num adulto maduro e íntegro. Definir normas vai ensinar-lhes os fundamentos para conviver e orientar-se no mundo que os rodeia, permitindo que aprendam quais os seus direitos, ajudando-os a desenvolver o sentido de proteção e cautela e fazendo com que saibam aquilo que os adultos esperam deles, criando e definindo o seu autocontrolo.
A forma de estabelecer limites vai depender do estilo educativo de cada família. Hoje em dia, muitos pais optam por uma forma de educação mais próxima e comunicativa, mas é igualmente necessário definir regras. Mas, como devem ser as regras?
- A psicóloga explica que devem ser poucas (não é necessário encher a casa de proibições).
- Também é necessário que sejam claras, concretas e adaptadas ao desenvolvimento da criança (explicá-las de forma simples e olhando a criança nos olhos para captar a sua atenção).
- Têm de ser formuladas com um tom de voz e atitude amável, no entanto com firmeza e segurança.
- É importante que sejam coerentes (devem ter sentido, não por capricho, não valendo um “porque eu digo”).
- Devem manter-se para sempre, sem exceções (o estado de espírito não pode alterá-las, estar mais cansado não justifica que se castigue mais severamente…).
- Otero assinala que é fundamental que não sejam acompanhadas de irritação ou ameaças (deve advertir-se, sem hostilidade, sobre as consequências se as regras não forem cumpridas, e elogiar e reforçar se forem cumpridas).
Definem-se limites e surgem as birras
No primeiro ano de vida das crianças, os limites baseiam-se na criação de rotinas básicas (sono e alimentação) e de regras de prevenção e segurança. À medida que o bebé cresce, já pode dizer um “não”, pode afastar-se quando algo não lhe agrada, ou inclusive pode responder com uma birra. Ainda que não existam receitas nem soluções mágicas, há orientações que ajudam a atuar de uma forma mais adequada. Uma birra surge quando a criança não sabe expressar as suas emoções de irritação e/ou frustração de uma maneira apropriada e assertiva (com palavras), e transmite essa emoção através de um comportamento inapropriado (gritando, batendo com os pés ou esbracejando…).
Perante uma birra, o principal é manter a calma, sem elevar o tom de voz nem demonstrando irritação. Há que manter a distância e não argumentar até que se acalme. Quando a criança estiver mais tranquila, há que explicar-lhe numa frase simples as consequências que vão surgir. Do género, “a mamã e o papá estão tristes com o teu comportamento (dizer-lhe o que fez de errado) assim como explicar-lhe a consequência desse comportamento”.
Nas férias há que relaxar?
As férias de verão aproximam-se e com elas muitas famílias têm que reorganizar horários e rotinas. Existem várias atividades de verão e é aqui que surgem as dúvidas: devem ser as crianças a escolher se querem ir ou não para essas atividades? É preferível deixá-los com os avós? Deve recorrer ao ATL para não perder a rotina? Muitos pais vão decidir que o seu filho vá para uma atividade de verão porque confiam no seu valor educativo; outros vão considerar que vão estar melhor com a família. Em qualquer um dos casos, a recomendação da psicóloga é que se fale com as crianças. Dar-lhes uma explicação, adaptada à sua idade e desenvolvimento. Tratar o tema com naturalidade. Talvez lhe possa dar um certo poder de decisão (que escolha entre uma atividade ou outra) e dizer-lhe o que vai fazer nessas atividades.
Benefícios das regras?
- São necessárias
- Dão segurança à criança
- Ensinam as chaves para conviver e orientar-se no mundo que os rodeia
- Permitem que aprendam quais são os seus direitos
- Ajudam a desenvolver o sentido de proteção e cautela
- Fazem com que saibam aquilo que os adultos esperam delas, o que faz com que desenvolvam o autocontrolo
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