Todos os anos é apresentada uma nova oportunidade de visibilidade às pessoas com deficiência e àquelas que lutam por uma sociedade mais inclusiva, sem qualquer tipo de discriminação. O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência pretende demonstrar a situação atual em que vivem aqueles que sofrem de algum tipo de incapacidade, física ou mental, bem como refletir acerca dos desafios que ainda existem por superar.
Com a década atual quase a terminar e, com ela, também os objetivos estabelecidos há dez anos, este ano o Dia Internacional tem como mote "Capacitar pessoas com deficiência", com foco na Agenda 2030 e na reivindicação de "não deixar ninguém para trás”. É que as pessoas com deficiência, também consideradas a maior minoria do mundo, composta por mais de mil milhões de pessoas, têm ainda muitos desafios pela frente, no sentido de conseguirem obter maior independência e valor social, económico e profissional.
Começando com o valor profissional, um dos principais desafios que estas pessoas têm de enfrentar é o mercado de trabalho. Esta questão é uma das principais vias de integração de pessoas com deficiência e, por sua vez, pode contribuir para a exclusão social. No entanto, se verificarmos os números de acesso ao mercado profissional das pessoas com deficiência em Portugal, podemos confirmar que a respetiva taxa de emprego situa-se ligeiramente acima da média da União Europeia: 62,6%. Apesar deste número, quer seja devido aos preconceitos em relação às pessoas com deficiência e aos estigmas sociais ainda atribuídos, à falta de infraestrutura adequada ou à falta de predisposição por parte de quem contrata, a exclusão laboral contribui para a vulnerabilidade deste grupo. Portugal ainda tem um longo caminho a percorrer, a fim de promover a integração profissional de pessoas com deficiência no âmbito laboral.
Desenvolver oportunidades de emprego e formação profissional específica para pessoas com deficiência deve fazer parte da missão e dos objetivos de todas as empresas, para que as pessoas com deficiência consigam ganhar maior independência, desenvolvimento pessoal e profissional e, desta forma, reduzir as diferenças e os comportamentos discriminatórios atualmente ainda presentes. Embora existam algumas fundações e associações que promovem a inclusão laboral e a integração social em ambientes de trabalho, como é o caso da APPACDM e a OED, em Portugal, esta missão não se deve limitar apenas a associações, mas sim a qualquer empresa pública ou privada, através de medidas específicas de emprego.
No entanto, se há alguns anos as novas tecnologias foram consideradas um obstáculo na inclusão social das pessoas com deficiência, hoje em dia são consideradas uma ferramenta imprescindível para superar o desafio do acesso ao mercado de trabalho. A tecnologia não só traz benefícios à vida das pessoas com deficiência e oferece a possibilidade de grandes melhorias, como também permite que, de acordo com um estudo recente, 65% destas pessoas tenham acesso ao mercado profissional. Apesar disto, ainda podemos falar sobre uma falha tecnológica que afeta estas pessoas e que tem ainda um grande espaço para melhorias, que vai desde conferir uma dimensão global à tecnologia, pensando em todo os públicos, de forma a garantir acessibilidade no uso de dispositivos, até ao acesso à informação.
Continuando com os desafios que as pessoas com deficiência ainda têm de enfrentar, não podemos esquecer-nos da questão da mobilidade e dos obstáculos com que se deparam diariamente. A falta de acessibilidade a meios de transportes, de elevadores, de rampas e de veículos adaptados, contribui para uma dependência das pessoas com deficiência, que dificulta ainda mais a sua inclusão e a igualdade na sociedade. Este problema é mais significativo fora das grandes cidades, onde a falta de recursos que facilita a mobilidade é mais evidente.
Para enfrentar todos estes desafios de uma forma correta e logo de raiz, os Estados e as autoridades governamentais devem ser responsáveis por promover medidas e financiar, de forma a ajudar as pessoas com deficiência, para que a inclusão social e nos mercados de trabalho, bem como todos os desafios, sejam ultrapassados uma forma orgânica.
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