Geralmente, quando falamos em doenças mortais referimo-nos a doenças cardiovasculares (hipertensão arterial ou enfarte, entre outras) como a principal causa de morte em países como Portugal, Espanha e Itália. Também nos vem à cabeça o cancro, a principal causa de morte em França, no Peru e no Canadá. No entanto, também existe outra doença crónica que, por vezes, não tem a consciencialização devida: a Diabetes. O Dia Mundial da Diabetes dá visibilidade a esta doença que afeta pessoas no mundo inteiro e que aumenta ano após ano.
Em 1980, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, havia 108 milhões de pessoas com Diabetes em todo o mundo. Esta mesma instituição previu que, em 2025, estes dados aumentariam para 300 milhões. No entanto, este número foi alcançado mais cedo do que o previsto: em 2014 já havia 422 milhões de pessoas com Diabetes. Duplicou, portanto, a prevalência mundial da diabetes.
Segundo os dados facultados pela OMS no seu relatório Mundial sobre a Diabetes, esta doença foi a responsável direta de 1,5 milhões de mortes em 2012. E outros 2,2 milhões de pessoas morreram devido aos níveis de glicose no sangue. De facto, segundo um relatório publicado pela OMS, a diabetes está entre as principais causas de morte no mundo, a seguir às doenças cardiovasculares, ao cancro e às infeções respiratórias.
Diabetes: Factos e Números – em Portugal, a prevalência foi de 13,3%
Em 2009 foi publicada a primeira edição de um Relatório sobre a Diabetes, cujo objetivo é o de constituir um arquivo da informação disponível em Portugal sobre esta doença – O Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes – “Diabetes: Factos e Números”.
A Diabetes: Factos e Números visa recolher, validar, gerar e disseminar informação fiável e cientificamente credível sobre a Diabetes em Portugal. A 8ª edição (referente ao ano 2015) incide sobre informação como a epidemiologia da diabetes, o seu controlo e os custos associados à patologia, bem como a apresentação de alguns indicadores.
Estes são alguns dos resultados e conclusões importantes deste relatório (dados de 2015):
- 13,3% da população portuguesa com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos tem diabetes: mais de 1 milhão de pessoas.
- 44% dos indivíduos com diabetes não sabiam que sofriam da doença.
- 27,4% da população portuguesa (2,1 milhões de indivíduos) sofria de Hiperglicemia Intermédia, ou pré-diabetes.
- Verifica-se a existência de uma relação entre o escalão de Índice de Massa Corporal (IMC) e a Diabetes, com perto de 90% da população com Diabetes a apresentar excesso de peso (49,2%) ou obesidade (39,6%).
- Por ano, registam-se cerca de 600 novos casos da diabetes por cada 100 000 habitantes.
- A prevalência da diabetes nos homens é maior (15,9%) do que nas mulheres (10,9%).
- Mais de um quarto das pessoas entre os 60-79 anos tem Diabetes.
- A Diabetes tipo 1 nas crianças e nos jovens portugueses atingia 3 327 indivíduos com idades entre 0-19 anos, o que corresponde a 0,16% da população portuguesa.
Prevenção da Diabetes: alimentação saudável e desporto diário
O relatório anterior mostra-nos dados preocupantes, especialmente em duas variáveis: a percentagem de pessoas que desconhecem que sofrem desta doença e a relação da doença com a obesidade.
Em relação à falta de conhecimento, o Dia Mundial da Diabetes serve, entre outras ações, para dar visibilidade e consciencializar a população sobre esta doença “silenciosa”. É designada assim porque a Diabetes tipo 2 pode desenvolver-se, praticamente, sem apresentar sintomas, embora estes sejam, por norma, os mais comuns:
- Urinar com mais frequência.
- Sede constante.
- Fome excessiva.
- Perda de peso injustificada.
- Sensação de fadiga.
- Mudanças repentinas de humor.
- Visão desfocada.
- Dores de estômago, vómito ou náuseas.
- Cicatrização lenta de feridas.
- Dormência e formigueiro nas mãos e pés.
Por outro lado, o maior fator de risco é a obesidade: é três vezes maior em pessoas com um índice de massa corporal superior a 25. Além disso, um dos problemas mais comuns da diabetes são os riscos cardiovasculares, que também aumentam devido à obesidade abdominal.
O desafio está, portanto, na prevenção da Diabetes e no combate ao sedentarismo e à obesidade – verdadeiros flagelos presentes não só em Portugal, mas também no resto do mundo. Neste sentido, o Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes, documento elaborado pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) desde 1992, foca-se em algumas campanhas de intervenção importantes, entre elas: promover o consumo de fruta e de vegetais, através de uma alimentação saudável, e incentivar a população a praticar atividades físicas com regularidade.
Além disso, numa das campanhas de prevenção da diabetes, realizada pela Direcção-Geral da Saúde, foi facultada informação sobre o que é a diabetes, fatores de risco e recomendações importantes. E, além disso, é fornecido o questionário FINDRISC, composto por uma série de questões, através do qual é possível calcular o risco de sofrer da diabetes tipo 2.
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