Está muito na moda esta designação que desde há alguns anos é atribuída à geração que chegou à idade adulta no novo milénio, os millennials. Estes jovens, com idades compreendidas entre os 18 e os 35 anos, são o cliente real e potencial que marca e continuará a marcar um novo paradigma, no qual a sua forma de se relacionar e o meio através do qual o fazem (redes sociais) com a sua envolvente (tanto familiares e amigos como com as empresas) determinará as tendências de consumo, entretenimento ou cultura, do futuro mais imediato.
Ainda que exista uma multitude de características que os definem, de acordo com o nível e rigor da análise da fonte que utilizemos, muitas delas repetem-se de forma recorrente. Uma das principais qualidades desta geração é que estão ligados de forma quase indissociável às novas tecnologias, e como muitos especialistas concordam, são multiecrã e multidispositivo. O telemóvel, o tablet, o portátil, a televisão on demand, a consola, definitivamente, a Internet ocupa o seu dia-a-dia, e não só a utilizam como canal de informação mas também de entretenimento e como meio pelo qual se relacionam com os outros.
As empresas estão conscientes desta importante mudança, por isso a maioria embarcou num processo de digitalização, adaptando-se assim a uma realidade contundente; aliás, muitas delas modificam o seu modelo de negócio para dar assim respostas às novas necessidades de uma geração que deixou de receber passivamente as suas mensagens para assumir o comando e inclusivamente decidir diretamente a quem querem escutar.
Profissionalmente trata-se de uma geração preparada, com formação universitária, algo que não ocorria há tempos atrás e que progressivamente vai crescendo, mas conta com baixas oportunidades laborais devido ao elevado índice de desemprego juvenil (24%) no nosso país. Esta situação tem como consequência uma dificuldade acrescida no momento de pensarem em alcançar a independência.
Outra das características que os define é o social. É uma geração que tem perfis nas redes sociais e que as utiliza não só para comunicar, partilhar e informar-se mas também para converter-se em prescritores em determinados âmbitos e sectores. Como clientes são ativos, e antes de adquirir qualquer produto ou serviço, consultam a opinião ou experiencias de outros, dando mais credibilidade a estas do que à publicada pela própria marca. São também uma geração mais exigente e crítica e querem que os produtos se adaptem às suas necessidades concretas, isto é, pretendem a máxima personalização possível.
A tudo isto devemos acrescentar, como refere um artigo da revista Forbes, que enfrentamos um público para o qual a transparência, a sustentabilidade e compromisso social, são os valores fundamentais.
Os seguros só quando são imprescindíveis
Os millennials sabem que o seu nível de conhecimento da cultura seguradora e financeira é médio-baixo. A propósito da forma como adquirem esse conhecimento, a maioria cita que a sua fonte é a envolvente pessoal e familiar. São as experiências vividas pelos pais e amigos que os aproximam do sector segurador, através de temas recorrentes em conversas habituais: coberturas de um seguro específico, serviços ou o processo de contratação ou renovação. Apesar disso, a maioria está consciente dos benefícios e segurança que podem ser proporcionados por um seguro. Entre os produtos de seguro, os millennials sentem-se mais próximos dos seguros de automóvel e do lar. Em relação aos seguros de vida, não sabem exatamente qual é a sua finalidade e confundem-nos frequentemente com os seguros de falecimento. Por esse motivo, produtos de vida-risco, Poupança e Reforma e falecimento, recebem uma avaliação mais baixa entre eles.
Atendendo às suas principais reclamações para justificar o seu desapego pelos seguros, assinalam que a linguagem é muito técnica, complexa e em muitas ocasiões confusa, pelo que manifestam dificuldade para a entender. No entanto, preferem uma companhia de seguros no momento de contratar um produto do que um corretor ou uma entidade bancaria.
E a poupança?
Apesar da crença generalizada, há estudos que apontam que os jovens poupam. Ainda que, segundo estes dados, 75% dos millennials seja capaz de não gastar todos os seus rendimentos e reservar uma parte para a poupança, o certo é que muitos deles baseiam-se na mera intenção mais do que na poupança real. Quanto aos instrumentos que utilizam para esse fim, e em oposição aos que usam para sua proteção, a maioria prefere as contas à ordem e a prazo (entidades financeiras) e o mealheiro em suas casas.
O que ainda continua distante para todos é a reforma. Embora reconheçam que a sua pensão futura será insuficiente e que não serão capazes de manter o seu nível atual de vida, apenas uma minoria quase insignificante poupa ou pensa poupar com este objetivo. De facto, em geral desconhecem quanto teriam de poupar para a reforma que desejam.
Tudo isto converge num perfil de um novo consumidor de que as empresas se devem aproximar. Por isso, muitas delas encontram-se em processos de transformação digital para adequar-se às necessidades e pedidos de um cliente exigente e preparado.
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