Vivemos na era digital, também conhecida como a era da informação, uma vez que a comunicação e a difusão de notícias estão, cada vez mais facilmente ao nosso alcance. No entanto, a exposição a esta multiplicidade de canais de divulgação também pode virar-se contra nós, pois, da mesma forma, a divulgação de notícias falsas também se torna mais fácil. Os boatos e as fake news estão cada vez mais presentes no conteúdo que recebemos diariamente, especialmente em redes sociais como o WhatsApp e o Facebook, e até já existem muitas autoridades e plataformas que trabalhar no sentido de controlar e desmentir informações. A preocupação em torno dos boatos e de notícias falsas aumenta no momento em que afetam a área da saúde, uma vez que podem ter consequências negativas para a população. Neste sentido, partilhamos alguns dos principais boatos que podem ser encontrados nas redes sociais sobre saúde, para ajudarmos a combater as falsas ideias.
Boatos sobre vacinas
Os boatos sobre vacinas são alguns dos mais frequentes que se pode encontrar nas redes sociais. Estes boatos afetam diretamente famílias e pais, que podem chegar a tomar as suas decisões sobre a vacinação dos seus filhos com base no que leem na internet. De facto, um estudo britânico comprovou que dois em cada cinco pais estão sujeitos a fake news sobre vacinas nas redes sociais. Entre estes boatos, encontramos a falsa relação entre o autismo e a vacina tríplice viral, argumento utilizado pelos grupos anti-vacinas, que têm a tendência errada de pensar que, como já existem doenças erradicadas, como o sarampo, não são necessárias vacinas, ou que acreditam que as vacinas existem apenas para ajudar no avanço da indústria farmacêutica. Tendo em conta o grau de seriedade na divulgação de informações falsas sobre vacinas na Internet, a OMS e o Facebook iniciaram uma estratégia para acabar com os mitos e os boatos sobre vacinas.
Botos sobre superalimentos
Sementes de chia, chá matcha, clorela, curcuma, alho, limão, mirtilos… todos estes são considerados alguns dos “super” alimentos, principalmente os de origem vegetal, cujas qualidades e contribuição nutricional são vendidas como solução para certos problemas de saúde e doenças. Alguns dos boatos mais comuns sobre os superalimentos estão relacionados com a cura do cancro. Ninguém nega as propriedades e os benefícios deste tipo de alimentos, pois já foi comprovado que seguir uma alimentação adequada pode reduzir o risco de cancro, no entanto, por mais saudáveis e benéficos que sejam determinados alimentos, estes não curam doenças.
Smartphones e Wi-Fi causam cancro
Quantas vezes já ouviu dizer que os telemóveis e as redes Wi-Fi podem causar cancro? É um boato sem nenhuma evidência científica, que não só tem sido divulgado em várias ocasiões nas redes sociais, como também é bastante comum na cultura “boca a boca”. Atualmente existem alguns estudos, entre eles o Interphone, que comprovam que a exposição à radiação não ionizante, isto é, aquela emitida pelos telemóveis e redes Wi-Fi, não aumenta o risco de cancro nos humanos. Portanto, não precisa de se preocupar com a utilização dos dois elementos tão comuns no nosso dia-a-dia e, assim, ajudar a contradizer este boato.
Os efeitos do álcool sobre a saúde, pseudoterapias, dietas milagrosas… a lista de boatos que circulam sobre a saúde podia continuar. A solução para os boatos e para as fake news no que diz respeito à saúde passam, em primeiro lugar, por uma maior e melhor orientação médica. Por vezes, as informações fornecidas pelos médicos e profissionais de saúde podem ser demasiado codificadas para os pacientes que, por não compreenderem totalmente os diagnósticos, podem optar por ir ao “Doutor Google”.
Outra medida para acabar com os mitos e boatos deve centrar-se na educação sobre o consumo de informação de qualidade e de rigor científico e, desta forma, não confiar em tudo aquilo que se encontra na Internet. Por último, a solução para este problema também prevê que o Governo e as autoridades de saúde estabeleçam um sistema de verificação de notícias e artigos na imprensa e nas redes sociais, bem como prescritores e sistemas de classificação em todos os meios de comunicação onde são publicadas informações relacionadas com a saúde.
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