Há muitos mitos sobre como e quando de deve passar da amamentação para a introdução dos primeiros alimentos sólidos. Além disso, neste período, surge uma multiplicidade de dúvidas a este respeito: podem ser combinados com a toma de leite? Qual é a receita mais apropriada para essas idades? Existe algum alimento proibido?
Os padrões alimentares de uma sociedade influenciam o atraso ou o surgimento de numerosas doenças crónicas. "Portanto, é de vital importância desde o início, nesta fase de transição é ideal, lançar as bases de uma dieta diversificada e equilibrada que promova hábitos saudáveis e que cubra as necessidades energéticas, plásticas e reguladoras para o desenvolvimento adequado da criança. Esta alimentação deve ser baseada em padrões alimentares tradicionais, nas nossas raízes", diz a nutricionista Beatriz Freire. A especialista explica que em relação ao período de transição existem várias opiniões; de acordo com a Organização Mundial de Saúde, a Sociedade Europeia de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica e a Academia Americana de Pediatria, a amamentação materna exclusiva é recomendada desde o nascimento até aos 4 ou 6 meses. Por outro lado, a Revista Española de Nutrición Comunitaria propõe como objetivo continuar com a amamentação juntamente com a alimentação complementar até aos dois anos ou mais. Em conclusão, a idade ideal para começar a introduzir novos alimentos será a partir dos 6 meses, independentemente do tempo que se queira continuar a amamentar.
Beatriz Freire acrescenta que "as frutas eram tradicionalmente recomendadas em primeiro lugar, mas isso mudou". Atualmente não há suporte científico que indique uma ordem particular na inclusão de alimentos. O conselho é que os alimentos de todos os grupos sejam introduzidos gradualmente na dieta do bebé, que no primeiro ano deve ter experimentado praticamente de tudo.
Para facilitar a tarefa aos pais, o ideal seria começar com alimentos simples, como cereais, arroz misturado com leite materno ou de fórmula, dado com a colher. Também pode ir incorporando massas e pão integral. Embora existam vozes contra os cereais integrais dar preferência a este tipo de alimento não só previne a obstipação, mas também as patologias associadas na idade adulta, como a diabetes tipo 2. Por outro lado, "todos os alimentos devem ser dados a provar em diferentes texturas para que o pequeno se acostume a elas". Logo que o bebé domine a textura da típica papa ou puré, pode começar-se a esmagar a comida com o garfo, servindo de trampolim para os alimentos sólidos.
Além dos cereais integrais, deve introduzir-se alimentos dos seguintes grupos: vegetais (cenoura, abóbora, ervilhas, feijão, abobrinha, alho-porro, cebola, tomate), proteína (peixe branco e azul de pequena dimensão, carnes brancas e ovo), legumes em puré, frutas (banana, pêssego, maçã, pera, mandarina, melancia, melão, morango... todas na respetiva época), gorduras ou lípidos (de preferência azeite virgem extra adicionado no final aos alimentos cozinhados e após serem triturados). O abacate esmagado é ideal para lanches junto com frutas.
De acordo com a especialista, é aconselhável dois ou três dias antes de introduzir um novo alimento, fazê-lo em pequenas porções, duas ou três colheres de chá, nunca forçando a criança. Quanto mais diversificado, variado e colorido o prato, mais equilibrado será. É essencial disponibilizar alimentos sem sal ou tempero e com cozimento lento a baixa temperatura para que as características químicas e organoléticas dos alimentos sejam mantidas.
Novas tendências
Uma das correntes atuais da alimentação complementar é baseada na oferta de alimentos sólidos ao bebé (sem passar pela transição do puré). Esta corrente é chamada de Baby led weaning. O objetivo é que a criança esteja integrada na mesa da família e que, no que for possível, a sua dieta coincida com a do resto da família. Mas há um risco de carências nutricionais e de engasgamento se não for oferecido o tamanho certo dos alimentos, além de exigir grande dedicação aos pais.
A nutricionista defende que se deve seguir os padrões da dieta mediterrânica, complementada por alimentos locais e sazonais.
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