Steven Spielberg apresentou o futuro ao grande público através dos seus filmes. No momento em que é mostrado um ecrã gigante com uma série de avanços tecnológicos que relaciona tudo, a única coisa que passa pela cabeça dos espectadores é o quão “fascinante a tecnologia pode oferecer e alcançar, mas já não presenciarei a isso”. Na realidade, não é bem assim, o Relatório Minoritário está muito mais próximo daquilo que possamos pensar, porque os avanços sucedem-se de modo exponencial a cada ano que passa. A tecnologia está cada vez mais presente em diferentes aspetos das nossas vidas. Educação, saúde, segurança são alguns dos setores em que já estamos a presenciar como a inovação está a mudar a forma de nos envolvermos com o mundo. O setor dos seguros não está alheio a isto e encontra-se em pleno processo de mudança, em grande parte impulsionado pelas novas ferramentas de que dispõe, bem como pelas sinergias com outros setores. De todos os caminhos desenvolvidos pelo setor Insurtech (palavra que provém da união dos termos ingleses Insurance e Technology, ou seja, seguros e tecnologia), aquele com maior relevância é o “seguro a la carte”. Os cidadãos procuram, cada vez mais produtos que se adequem às suas necessidades concretas e personalizem a sua exigência. Querem apenas adquirir o necessário e rejeitam anexos ou conteúdos adicionais que não respondam às suas circunstâncias particulares.
Neste sentido, existem ferramentas que facilitam e propiciam esta personalização: o Big Data num contexto de Business Intelligence, isto é, o armazenamento massivo de dados e sua posterior análise. Desde que nos levantamos estamos conectados com o nosso telefone, tablet ou computador…e todos eles, de uma forma ou de outra, registam os nossos movimentos, os nossos gostos, conhecem-nos, falam de nós e dos nossos hábitos. Gera-se assim uma quantidade de informação altamente valiosa que permite criar, desenhar ou configurar produtos que satisfaçam as necessidades de todos e de cada um. São extraídos padrões de conduta que, estando hoje muito presentes, nem sequer foram considerados como situação à qual dar uma solução, através de um produto. No caso do setor segurador, ganham força os denominados microseguros.
Se quisermos avançar ainda mais neste caminho, muitos especialistas colocam o foco na importância capital que terá a sequenciação do genoma humano. Dentro de alguns anos, será possível determinar a nossa predisposição genética para certas doenças, um avanço fundamental para as políticas de prevenção, sendo também uma informação fundamental para as áreas como os seguros de saúde, permitindo às seguradoras uma capacidade de medir com maior precisão os riscos dos seus segurados.
Assim, o Relatório Minoritário dos Seguros já não é só ficção científica. Está mais próximo do que nunca de se tornar uma realidade em que os cidadãos, em geral, e os profissionais, em particular, irão selecionar “a la carte” os seguros que mais se adequem às suas necessidades específicas e aos momentos da vida em que se encontrem.
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